terça-feira, 29 de outubro de 2013

Compositor João Pacífico



João Baptista da Silva nasceu em Cordeirópolis em 5 de agosto de 1909 filho de um maquinista e de uma cozinheira. Era o compositor da música raiz, autor da famosa música “Cabocla Tereza”.

A roça era sempre cenária das suas composições e coisas simples como um pingo, uma goteira, um fiozinho d'água, um prego ou um doce de cidra ganhavam brilho em suas canções.

Desde criança João já se destacava recitando timidamente versos e se interessando pela música. Quando morou em Campinas conheceu entre os amigos o filho do dono da Rádio Educadora que vendo ele cantar, o convidou para participar do programa da rádio, em seguida foi contratado.

Para assinar o programa de rádio e suas composições, João sentiu necessidade de um nome artístico que surgiu rápido devido ao seu jeito calmo e tranqüilo, ganhou o apelido de “Pacifico”, que virou segundo nome, João Pacífico.

Em 1931 João trabalhava como lava-pratos em um restaurante de um trem na Estrada de Ferro Paulista.

Um belo dia, o cozinheiro o chamou e pediu para fazer um daqueles versinhos, pois Guilherme de Almeida estava no trem que era amigo de Paraguassu.

João sabia quem era Paraguassu, famoso seresteiro que tinha um programa na Rádio Cruzeiro do Sul, em São Paulo. Guilherme de Almeida poeta modernista gostou do que leu e enviou o seu cartão de visitas para que João o procurasse na rádio. Guilherme ajudou Pacífico a lançar sua carreira artística que teve como parceiro na música caipira Raul Torres, juntos viriam a criar clássicos da música popular brasileira.

"Lá no mourão esquerdo da porteira" era o verso preferido de Guilherme de Almeida “É o mourão do lado do coração”

A primeira composição da dupla “João Pacífico e Raul Torres” foi “Seo João Nogueira”, gravada por Torres e Aurora Miranda juntos, em 1934.

No ano seguinte, Torres e Florêncio gravaram o imortal Chico Mulato (na gravação original Florêncio não pôde comparecer e a segunda voz é do próprio João Pacífico).

Ao escrever a letra “Chico Mulato”, João Pacifico quis inovar, a primeira parte seria declamada, como uma introdução antes de começar a cantoria. Esse “Estilo” foi chamado de “Toada Histórica” que foi imitado por mais compositores.
João Pacífico e Raul Torres

Em 1940 João compôs “Cabocla Tereza” a história de amor que atravessaria décadas, que foi regravada por grandes artistas como “Tonico e Tinoco”, “Inezita Barroso”, “Rolando Boldrin”. E sem dúvida a regravação mais bem sucedida foi por “Chitãozinho e Xororó”.

Muitas pessoas queriam saber maiores detalhes sobre o drama vivido pelos personagens na música, mas ninguém acreditava quando ele dizia que era pura ficção. Anos depois, em 1982, o enredo de Cabocla Tereza acabou virando filme com o mesmo nome, dirigido e estrelado por Sebastião Pereira, com Zélia Martins no papel de Tereza e a participação especial de Jofre Soares.

A história da criação de “Pingo d’água” foi inspirada numa procissão que João viu passar.

"Estava numa pensão em frente do recinto de festas de Barretos. Naquele tempo não tinha ainda rodeios, mas tinha exposição de animais. Vi aquela procissão pedindo chuva. Aí nasceu Pingo d’água, que recentemente foi regravada por Pena Branca e Xavantinho", contou João. A música tornou-se um grande sucesso e rendeu um “Disco de Ouro” para sua carreira.

Outro clássico de Pacífico foi “Minas Gerais”, que ele conta o sufoco que passou numa rádio.

"Fiz essa música para homenagear os mineiros. O pessoal levou ao pé da letra e achou que eu era mineiro. Numa entrevista de rádio eu disse que era paulista. Um mineiro que estava ouvindo me deu um susto. Ele queria me matar, depois pediu desculpas, disse que foi a emoção. Quase que morro na emoção dele", brincou João Pacífico.

Por ocasião do quarto centenário de São Paulo João compôs “Treze Listas”. A música foi gravada por Nelson Gonçalves em 1954 que lhe rendeu a “Medalha Anchieta”. - "Foi bom porque recebi das mãos do Dr. Guilherme de Almeida uma medalha de ouro", contou o compositor.

Acolhido por um casal de amigos João Pacifico viveu os últimos anos de sua vida no “Sítio Pirangi” em Guararema, no campo como ele desejava. Faleceu em 30 de dezembro de 1998 aos 89 anos. Deixou saudades aos amantes da música raíz.

Em Cordeirópolis, sua terra natal, foi criada a "Casa de Cultura João Pacífico" em sua homenagem, enquanto a Câmara Municipal, instituiu a "Medalha João Pacífico", que é dada a personalidades.

Em Guararema, institui-se a "Semana João Pacífico", O evento tem o objetivo de divulgar suas obras e homenagear o compositor.

Veja mais sobre João Pacífico:
Livro http://www.ntelecom.com.br/users/pcastro5/joao_pacifico.htm
Blog http://cantinhojoaopacifico2.blogspot.com.br/

Capa do Disco de João Pacífico

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